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26 julho, 2020

A Verdadeira História de LILO & STICH

Se você quer manter a linda história da Disney em sua mente, não leia este texto, pois pode mudar para sempre a bela imagem de Lilo e Stich que você tem na lembrança.

Muitos viram o lindo filme da Disney, que é sobre as aventuras de Lilo, uma garota havaiana de 5 anos que encontra um experimento alienígena e se torna sua melhor amiga. Mas nada disso é a realidade. Vamos à história que contam em determinada região do Hawaii. 

Lilo era uma garota que ficou órfã, pois seus pais morreram quando foram esmagados por uma grande árvore que caiu sobre sua casa, como resultado de uma horrível tempestade. Lilo foi colocada pelas autoridades em um orfanato, mas acabou fugindo e indo viver nas ruínas de sua antiga casa, alimentando-se das esmolas que pedia aos habitantes da ilha. 

Stich

Obviamente, Stich não era um alienígena, mas,  na verdade, um filhote de cachorro que Lilo encontrou em um depósito de lixo; ele se tornou sua única e inseparável companhia, seu confidente, seu amigo.

Lilo nunca teve uma irmã, como mostra o filme; era tudo um produto de sua imaginação, de sua necessidade de fugir da dura realidade. Não raras vezes, Lilo e Stich se sentavam em frente à praia para sonhar acordada e imaginar que tinha uma irmã, amigos e grandes aventuras.

Nove anos se passaram. Lilo estava crescendo, já tinha 14 anos, mas ainda estava apaixonada por seu mundo e suas aventuras imaginárias, ao lado de seu cão inseparável. Como a dificuldade em lidar com a realidade aumentava dolorosamente cada vez mais, Lilo acabou se envolvendo com drogas e, para poder manter seu mundo ilusório e escapar dos sofrimentos de um mundo duro ao qual fora jogada pelo destino, começou a se prostituir para ganhar dinheiro e poder comprar as drogas que lhe facilitavam voltar a seu mundo onírico.

A história de Lilo e Stich foi compilada pela Disney, baseada nas histórias contadas pela própria Lilo às equipes médicas, nas várias tentativas realizadas de ser internada numa clínica de reabilitação, mas que ela sempre recusava. Ela contou sobre seu mundo e suas aventuras ao lado de seu amigo Stich e como ela estava feliz em escapar da realidade. 

Lilo estava cada vez mais mergulhada em seu mundo químico/imaginário e, tempos depois, como uma triste consequência, Lilo acabou sendo encontrada morta nas ruínas de sua casa, como resultado de uma overdose. Seu corpo foi encontrado por vizinhos incomodados pelo cheiro nauseante de podridão que se espalhava pela vizinhança. Seu cão inseparável não a deixou sozinha em nenhum momento. 

Stich jamais se separou de sua dona, mesmo depois que essa faleceu e foi enterrada num cemitério. Conhecedoras da história, pessoas levavam alimentos para Stich, que jamais sequer os tocou. Profundamente triste, Stich definhou até a morte sobre o túmulo de Lilo e, finalmente, pode novamente ficar com sua dona.

A Disney, como sempre, conseguiu transformar uma tragédia em um belo conto áudio-visual, que fascina adultos e crianças até hoje.

23 dezembro, 2017

A Verdadeira BRANCA DE NEVE


O conto de fadas A Branca de Neve e os Sete Anões, dos Irmãos Grimm, já deu asas à imaginação de várias gerações. Mas fatos sugerem que a heroína das crianças tenha sido mais do que uma simples personagem fictícia.

Milhões de pessoas conhecem o conto de fadas da Branca de Neve, a bela princesa que escapa de sua madrasta invejosa e vai viver na casa de sete anões. Na história escrita pelos alemães irmãos Grimm em 1812, a madrasta má tenta matá-la depois de seu espelho mágico lhe dizer que Branca de Neve é "a mais bela de todas".

Moradores da cidade alemã de Lohr am Main, próxima a Frankfurt, gostam de acreditar que o espelho mágico realmente existe. Na verdade, ele está na cidade, exposto no Museu Spessart. Isso é porque, de acordo com algumas fontes, a menina que inspirou o conto de fadas, de fato viveu em Lohr am Main.

Entretanto, a verdadeira Branca de Neve, Maria Sophia Margaretha Catharina von Erthal, era um pouco diferente da princesa da história. Ela era de origem nobre e nasceu no ano de 1729 no castelo de Lohr, que hoje abriga o Museu Spessart. Ela também tinha uma madrasta dominadora: Claudia Elisabeth Maria von Venningen.


Eckhard Sander e suas pesquisas

Segundo o pesquisador e estudioso alemão Eckhard Sander, que escreveu um livro, fruto de suas pesquisas, intitulado 'Branca de Neve: É Um Conto de Fadas?', lançado em 1994.

O livro de Eckhard Sander
Margaretha de Waldeck, nasceu em 1533, filha do Conde alemão Philip IV, da casa real de Waldeck-Wildungen. Em 1546, aos 16 anos de idade, Margarete foi obrigada por sua madrasta, Katharina de Hatzfeld – com quem não tinha um bom relacionamento -, à mudar-se para Bruxelas. Na Corte de Bruxelas, ela chamaria à atenção de ninguém menos que o príncipe Filipe (futuro Filipe II da Espanha), apaixonado-se e tornando-se sua amante, para desgosto de sua madrasta, que intrometia-se sempre na vida de sua enteada.

No entanto, a ideia de que a jovem pudesse tornar-se uma princesa, foi insuportável para o pai de Filipe, Carlos V, que via na união de seu herdeiro com a jovem, um matrimônio politicamente desvantajoso. Sander escreveu que von Waldeck morreu aos 21 anos de idade, em 1554, envenenada por autoridades espanholas às ordens do pai de seu amado.

De acordo com sua pesquisa, o método de utilizar veneno, foi escolhido para afastar a suspeita de um assassinato, justificado então, por uma doença degenerativa. Sander também citou evidências para sua alegação, como o testamento que a jovem escrevera pouco antes de morrer, com uma caligrafia frenética e torta, mostrando os típicos sintomas de uma vítima de avançado estágio de envenenamento.

Embora não possamos afirmar se von Waldeck fora de fato morta por veneno, uma coisa é certa, contrariando a história tradicional, a jovem não fora assassinada por sua madrasta, que já havia falecido antes de sua morte. Mesmo não sendo exatamente igual ao conto de Branca de Neve, a história traça bastante paralelos em comum. Margarete era uma bela jovem alemã, atormentada por sua madrasta malvada, que apaixona-se por um príncipe e é envenenada. Sander apontou outras similaridades entre a Branca de Neve fictícia e von Waldeck, sendo uma delas, a maçã envenenada.

Ele acredita que a maçã fora acrescentada à história de von Waldeck, após um acontecimento histórico na Alemanha, onde um homem foi preso após dar à crianças que ele acreditava que o haviam roubado, maçãs envenenadas para que pagassem por seus crimes. Ele também apontou que, assim como no conto dos Grimm, Margarete possuía os cabelos louros. Outro ponto interessante, é que a jovem cresceu na região de Bad Wildungen em Hesse, Alemanha, onde crianças que trabalhavam em condições precárias em uma mina de extração de cobre, eram referidas como ”anões”.

Os passos da princesa 

Os detalhes da história também podem ser acompanhados no museu, incluindo a trama de assassinato e a fuga de Branca de Neve pelas montanhas até chegar à casa dos sete anões. Na verdade, os anões eram provavelmente crianças que eram usadas como trabalhadores, como citamos acima.

Acredita-se que a rota de fuga da Branca de Neve tenha sido de 35 quilômetros por meio da cadeia de montanhas de Spessart, uma das maiores áreas de floresta decídua da Alemanha. Sinais ao longo da rota dão aos visitantes a chance de aprender mais sobre a ligação das florestas com os contos de fadas.

O posto de informações turísticas em Lohr am Main oferece programas especiais de caminhadas. Também fornece informações sobre atrações locais, como a cidade velha, com suas casas em estilo enxaimel, o histórico bairro dos pescadores e a antiga câmara municipal.

É claro que a atração imperdível da cidade é o castelo de Lohr e o Museu Spessart, que abriga uma coleção de espelhos fabricados na região. 


22 setembro, 2017

A Verdadeira História de CHAPEUZINHO VERMELHO

Contos de Fada fazem a alegria de crianças em todo mundo, abrindo as portas para reinos de imaginação e de sonhos, onde tudo é possível. Mas nem sempre foi assim.


As primeiras versões de algumas das mais conhecidas fábulas infantis não tinham nada de encantadoras ou alegres, muito pelo contrário, elas eram horrendas, violentas e grotescas. Serviam acima de tudo como parábolas sobre moralidade e comportamento. Nelas as crianças que não agiam conforme o esperado, sofriam, eram repreendidas ou simplesmente morriam de forma aterrorizante deixando uma lição de moral.

Um dos contos de Fadas mais famosos de todos os tempos, "Chapeuzinho Vermelho" pode parecer inocente para a maioria, mas quando a fábula surgiu, ela era muito diferente. Haviam conotações ocultas que tornavam a história da menina que leva doces para sua avozinha algo bastante sinistro. 

A origem de "Chapeuzinho Vermelho" (Little Red Riding Hood) pode ser traçada até muito antes do século XVII, quando surgiu sua primeira versão escrita. Antes ela já figurava no folclore e tradições orais de vários países da Europa. Algumas destas versões eram bastante diferentes, embora diversos elementos fossem comuns e pudessem ser reconhecidos. A fábula era contada por camponeses franceses no século XI, documentada pelo historiador Egbert de Liege em 1550. Na Itália, ela era popular entre camponeses desde o século XIV, sendo que existiam várias versões, incluindo "La finta nonna" (A Falsa Vovozinha) uma das mais difundidas. Chapeuzinho foi reescrita várias vezes, inclusive por Ítalo Calvino que a acrescentou em seu compêndio de folclore. Versões da mesma fábula também podiam ser encontradas na Suécia, Noruega, Alemanha, Países Baixos e Espanha.

Essas primeiras variações da fábula se diferem das versões atuais em vários aspectos. O antagonista principal nem sempre é o "Lobo Mau", o monstro algumas vezes é retratado como um ogro, vampiro ou troll. Em algumas versões, a criatura é um lobisomem, o que tornou a história extremamente relevante nos julgamentos de criminosos suspeitos de licantropia durante a Idade Média. O famoso Julgamento de Peter Stumpp, na Alemanha, se valeu da fábula para enquadrar o acusado.

[Sobre esse caso chocante, leia AQUI]


A história em algumas versões era realmente bizarra.

O lobo deixava o corpo da velhinha para a criança se alimentar, dizendo que se tratava de carne de cordeiro. Faminta pela sua jornada, a criança comia avidamente e canibalizava a própria avó. Em outra versão, o lobo confronta a velha e a obriga a remover suas roupas ou jogá-las na lareira. A velha fica aterrorizada por ser forçada a se desnudar diante da fera, mas o lobo diz: "Não se preocupe, não é essa a fome que eu pretendo saciar!". Finalmente quando a mulher está despida, ele a devora. Em uma versão especialmente aterrorizante, a história termina quando a menina deita com o lobo na cama e este a mata. Numa outra, chapeuzinho percebe o disfarce do lobo que assumiu a identidade da avó, e se desculpa, retornando para a floresta, alegando que havia esquecido a cesta que carregava. O lobo no entanto, amarra um barbante no pé da criança e a persegue pela floresta em uma caçada implacável. Em boa parte das histórias não existe sequer a figura do caçador. A menina fica por conta própria, precisando enfrentar o medo e a ameaça do lobo recorrendo apenas a sua inteligência. Na Espanha, a menina dá lugar a uma adolescente que tenta escapar de investidas claramente sexuais por parte do lobo. Na Polônia, a menina dá lugar a um rapaz. O capuz vermelho está quase sempre presente, mas em algumas versões a protagonista usa uma capa feita de folhas verdes.  

Em uma versão francesa, Chapeuzinho escapa graças à ajuda de uma lavadeira que aconselha a menina a pular em um rio e se manter debaixo d'água. Quando o capuz vem à tona, o lobo acha que a criança se afogou e vai embora. Na Ucrânia, o lobo é empurrado no fogo pelo espírito da avó que ressurge como um fantasma para salvar a menina no último momento. No final dessa história, a menina é severamente repreendida pelo fantasma da avó que culpa a neta por ter sido tola e ter causado sua morte. A menina adota a identidade da avó e passa a morar na casa que pertenceu a esta como compensação.

Especialistas em folclore conduziram uma pesquisa em 2009 na qual identificaram 58 versões diferentes de Chapeuzinho Vermelho.


A versão impressa mais antiga tem o título "Le Petit Chaperon Rouge" e teve sua origem em meados de 1670. Ela fazia parte de uma coleção de fábulas a respeito de moral e comportamento infantil. Nessa versão Chapeuzinho Vermelho pegava um atalho apesar da mãe alertá-la para nunca fazê-lo. Por conta disso, o lobo encontrava a menina e matava sua avó. O conto deixava implícito que a culpa pela tragédia era unica e exclusivamente da criança que não obedecia as instruções da mãe.

Em 1697, Charles Perrault escreveu uma das versões mais conhecidas da fábula que foi responsável por popularizá-la em toda Europa. Esta é possivelmente uma das versões mais violentas e sinistras de Chapeuzinho Vermelho. A menina conforme a descrição de Perrault é "atraente e bem criada", quase uma adolescente, nascida em uma aldeia no interior da França. Na história, o lobo engana a menina e a convence a revelar a localização da casa de sua avó. O lobo age de forma simpática, engana e seduz sem jamais parecer malvado. A seguir, ele corre até a casa, evitando um grupo de lenhadores que haviam advertido a menina do perigo de falar com estranhos. Chegando na casa, o lobo devora a velha de maneira sangrenta. "As mordidas arrancam pedaços e dilaceram seu corpo".

Ele então veste os trajes da avó e prepara sua armadilha. A menina chega e embora desconfie de que algo está errado, acaba cedendo ao pedido do lobo disfarçado para que suba na cama. O lobo então a ataca com a mesma violência e a devora viva. A história se encerra dessa maneira, com o lobo emergindo como o vencedor e todas as demais personagens caindo como vítimas. 

Não existe final feliz, Perrault explica a moral da história no último parágrafo para que não reste nenhuma dúvida de seu significado:

"Com essa fábula aprendemos que crianças, especialmente moças jovens, bonitas e bem nascidas, correm perigo ao falar com estranhos. Lobos, afinal de contas, podem espreitar em qualquer estrada. Nós dizemos "lobos", mas nem todos lobos são iguais, alguns são simpáticos e agradáveis - não são selvagens ou furiosos, mas domados. Eles seguem as jovens pelas estradas e ruas, se preciso, até suas casas. Por sinal, é bom saber que esses lobos gentis e simpáticos, são de longe os mais perigosos!".  

Esta versão presumivelmente a original da fábula escrita na França se tornou popular na corte do Rei Louis XIV. O Rei costumava entreter seus convidados em festas extravagantes e estes sem dúvida conseguiam entender perfeitamente o sentido da história. O termo "lobo" começou então a ser associado a homens interessados em assediar e perseguir moças mais jovens.

No século XIX os irmãos Jacob  e Wilhelm Grimm - conhecidos como Irmãos Grimm, adaptaram a história e introduziram elementos inovadores na trama. A primeira parte da trama adaptada é bastante semelhante a história de Perrault, entretanto eles modificaram o final: a menina mata o lobo depois de reconhecer se tratar de uma fera disfarçada. Ela consegue empurrar o lobo na direção de uma lareira acesa e este morre queimado. A avó, no entanto, não sobrevive.

Em uma segunda revisão, os irmãos escreveram nova mudança, a menina e a avó são devoradas pelo lobo, mas na última hora um caçador atrás da pele da fera o mata. Ao abrir a barriga do lobo encontra avó e neta em seu interior ainda vivas. A lição de moral é transmitida, mas sem o trauma da morte ou tragédia.

Em 1857, Chapeuzinho Vermelho já havia se tornado a história de maior sucesso dos Irmãos Grimm e eles decidiram fazer uma terceira versão que amenizava ainda mais o final. Nela, incluíram a menina reconhecendo o disfarce do lobo e fugindo sem ser devorada. Ela corre para o caçador e este mata a fera e remove a avó de sua barriga. Essa talvez seja a versão mais próxima da história que ouvimos quando criança. Nela, ninguém morre, a não ser o "pobre" lobo mau. É curioso que os Irmãos Grimm, conhecidos por escrever histórias de conteúdo macabro tenham decidido atenuar justamente essa narrativa e adotar um final feliz.

Além do alerta contra falar com estranhos e trilhar caminhos desconhecidos, a fábula de Chapeuzinho Vermelho sempre esteve aberta a interpretações de caráter sexual. A história pode ser encarada como uma alegoria a respeito do ritual de passagem da infância para a puberdade. A menina deixa de ser criança e transforma-se em adulta no momento em que sai da barriga do lobo. O capuz usado por ela, vermelho, claramente alude à primeira menstruação. Sigmund Freud também usou o conto como uma alegoria de amadurecimento e renascimento.

É curioso que a origem de alguns dos mais famosos contos de fada encontre-se ligada muito mais ao horror do que a fantasia. Estas pequenas histórias não surgiram como uma forma inocente de entretenimento infantil, mas como chocantes revelações visando ensinar aos pequenos como o mundo real poderia ser assustador e perigoso. 

*     *     *

Para quem achou interessante, indico o filme "A Companhia dos Lobos" (The Company of Wolves/ 1984) que reconta de uma maneira aterrorizante a fábula de Chapeuzinho Vermelho e que me assustava terrivelmente quando eu era criança.

As cenas da transformação e do lobo emergindo de baixo da pele de uma pessoa, com o focinho brotando de dentro da boca sempre me causaram pesadelos. Hoje em dia, o estilo chocante e a aura quase barroca do filme perderam um pouco seu poder de sugestão - é difícil assustar nos dias atuais, mas quando assisti esse filme (ainda criança) fiquei positivamente apavorado. 

Desde então, jamais encarei Chapeuzinho Vermelho como uma história de ninar. A não ser para quem quer ter pesadelos depois de ouvi-la.

Aqui está o trailer de Companhia dos Lobos: