12 setembro, 2016

O Menino Triste


Por Alexander Zimmer

Neste domingo de manhã, eu vi um menininho em frente de minha casa. Enquanto outras crianças brincavam, ele estava triste e sentado num canto. Cheguei perto e sentei do seu lado.

Respeitei seu silêncio por um instante e depois perguntei porque ele estava triste. Ele pensou um pouco, talvez se deveria falar ou não, até que balbuciou que, na noite anterior tinha sido a festa de 15 anos de uma amiga que ele não via há algum tempo, pois mudara de colégio; mas eles se falavam de vez em quando.

Esperei ele continuar, mas ele não continuou. Então resolvi perguntar qual o problema; se tinha acontecido alguma coisa de ruim com ele na festa. Foi aí, que sua resposta me fez entender, no mesmo instante, o que ele realmente estava sentido.

- Eu não fui convidado. Um monte de gente foi, mas ela não me convidou.

E então, percebi que lágrimas escorriam de seus olhinhos e lavavam seu pequeno rostinho. Pensei por um instante e, colocando-me em seu lugar, senti-me do mesmo jeito que ele estava se sentindo. Olhei, então, para aquele menininho encolhido do meu lado e, chegando mais perto o abracei, dizendo:

- Está tudo bem. Às vezes, as pessoas esquecem dos amigos, mas não é porque são pessoas más; elas só ainda não sabem a importância que pessoas como nós, dão aqueles que amamos. E isso acontece, porque elas ainda não sabem o que é o amor de verdade; elas ainda estão aprendendo.
- Mas eu estou muito triste, por causa disso. - Ele disse.
- Eu entendo. Eu também fico triste, às vezes. Mas tento entendê-las. Afinal, elas precisam mais de amor do que a gente, pois a gente sabe a importância de cada pessoa que passa por nossas vidas; nós nos preocupamos em fazê-las felizes, pois isso nos deixa felizes também.
- É... Acho que sim. Nunca tinha pensado nisso. - Ele balbuciou.
- Então... Um dia, elas vão aprender a dar importância às pequenas coisas e, percebendo que é através delas que demonstramos o carinho que temos pelos outros, elas vão passar a tomar mais cuidado em não esquecer os amigos... Você parece ser um bom garoto. Não deixe que essa mágoa faça você perder a fé nas pessoas. Elas também estão aprendendo sobre a vida, assim como a gente. Perdoe-as e siga em frente, sendo sempre bom e carinhoso com elas, porque você está no caminho certo. Quem sabe, elas não aprendem mais fácil, de tanto observarem que você não desiste de ser uma pessoa boa e amorosa?
- Será? - Disse-me ele, já limpando as lágrimas do rosto.
- Sim, claro! Afinal, o caminho certo é sempre o caminho do bem, o caminho do amor e da compreensão.

Ele pensou durante algum tempo, enquanto olhava para o vazio. De repente, seu rosto se iluminou e ele abriu um sorriso, voltando-se para mim.

- Obrigado, moço. Vou fazer o que o senhor disse. Tchau!

Então, ele saiu correndo em direção às outras crianças, que brincavam na esquina da rua.

Levantei-me e, olhando para o azul infinito e profundo do céu daquela manhã de domingo, senti-me feliz, pois, naquele exato instante, tive a plena certeza de que nunca houve qualquer distância entre cada um de nós e o Universo. Tudo nunca fez tanto sentido, como naquele pequeno momento.


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